NADA A COMEMORAR - a decisão de Waldir Maranhão de anular a votação do processo de impeachment do fatídico 17 de abril, apesar de perfeitamente correta, dado o vexatório escândalo protagonizado pelos deputados na câmara naquele dia só nos conduz a mais um capítulo deste infeliz jogo de poker que está sendo bancado pelos variados "big players" da política e do empresariado nacional. Tal resolução não se deu pela indignação de parte da sociedade, dos grupos organizados, movimentos estudantis e sindicatos. É apenas mais um trunfo de negociatas e acordos na calada da noite.
De forma alguma eu deixaria de suspeitar que tal movimento no xadrez de Brasília foi realizado pelo próprio Eduardo Cunha, um "amigo ferido" pelos chumbos do STF na semana anterior. Para alterar o resultado do impeachment em uma nova votação é necessário apenas a reversão do voto de 27 deputados. Isso é plenamente viável através do eficiente manejamento dos grupos no baixo clero. Deputados que se sentiram pressionados pelas orientações do partido podem agora facilmente reverter o parecer do "sim" a partir das restrições de escopo e número dos crimes de responsabilidade atribuídos a Dilma Roulsseff. Em termos simples, penso que este rearranjo estratégico já está inclusive encaminhado. Maranhão não abortaria a votação anterior se a derrota futura fosse garantia certa. É sabido que o advogado geral da União, Eduardo Cardozo esteve com o líder da câmara neste último domingo, mas a conjunção de interesses em jogo vai muito além de um mero reconhecimento tácito de que a primeira votação foi tecnicamente viciada, maculando todo o processo. Sua ligação com o governador do Maranhão, Flávio Dino, deve também ser considerada. No entanto, a anulação da votação na câmara no dia 17 só pode ser de fato compreendida a partir da configuração de um pequeno, porém consistente grupo de deputados dispostos a reverter o processo, capitaneados por uma nova orientação ou consenso articulado.
É bem provável que uma suposta nova votação barre o processo de impeachment. Mas tal vitória do atual governo só viria a gerar um caos social ainda maior do que o que vivenciamos hoje. A fúria dos grupos que apoiam o golpe institucional em curso iria atingir níveis estratosféricos. Ademais, todos finalmente teriam a consciência de que somos hoje meros espectadores de jogos palacianos da pior espécie, reféns de um poder legislativo que resolveu brincar com o país. Entramos em um estágio extremamente frágil na democracia brasileira no qual se verifica uma total incerteza sobre todos os três poderes instituídos. Pálida confiabilidade institucional.
PS - Não durou 24 horas a decisão do deputado Waldir Maranhão. Logo à noite, pressionado pelos colegas e pelo próprio partido, o mesmo acabou por revogar sua decisão. Com tal atitude, o "nobre" deputado só contribuiu para piorar ainda mais a situação de completo descrédito institucional pelo qual passa o país. Uma câmara de deputados completamente irresponsável, vil e aloprada é que temos por aqui. Pelo menos eu já havia sabiamente advertido que não haveria nada a se comemorar com tal ato.
De forma alguma eu deixaria de suspeitar que tal movimento no xadrez de Brasília foi realizado pelo próprio Eduardo Cunha, um "amigo ferido" pelos chumbos do STF na semana anterior. Para alterar o resultado do impeachment em uma nova votação é necessário apenas a reversão do voto de 27 deputados. Isso é plenamente viável através do eficiente manejamento dos grupos no baixo clero. Deputados que se sentiram pressionados pelas orientações do partido podem agora facilmente reverter o parecer do "sim" a partir das restrições de escopo e número dos crimes de responsabilidade atribuídos a Dilma Roulsseff. Em termos simples, penso que este rearranjo estratégico já está inclusive encaminhado. Maranhão não abortaria a votação anterior se a derrota futura fosse garantia certa. É sabido que o advogado geral da União, Eduardo Cardozo esteve com o líder da câmara neste último domingo, mas a conjunção de interesses em jogo vai muito além de um mero reconhecimento tácito de que a primeira votação foi tecnicamente viciada, maculando todo o processo. Sua ligação com o governador do Maranhão, Flávio Dino, deve também ser considerada. No entanto, a anulação da votação na câmara no dia 17 só pode ser de fato compreendida a partir da configuração de um pequeno, porém consistente grupo de deputados dispostos a reverter o processo, capitaneados por uma nova orientação ou consenso articulado.
É bem provável que uma suposta nova votação barre o processo de impeachment. Mas tal vitória do atual governo só viria a gerar um caos social ainda maior do que o que vivenciamos hoje. A fúria dos grupos que apoiam o golpe institucional em curso iria atingir níveis estratosféricos. Ademais, todos finalmente teriam a consciência de que somos hoje meros espectadores de jogos palacianos da pior espécie, reféns de um poder legislativo que resolveu brincar com o país. Entramos em um estágio extremamente frágil na democracia brasileira no qual se verifica uma total incerteza sobre todos os três poderes instituídos. Pálida confiabilidade institucional.
PS - Não durou 24 horas a decisão do deputado Waldir Maranhão. Logo à noite, pressionado pelos colegas e pelo próprio partido, o mesmo acabou por revogar sua decisão. Com tal atitude, o "nobre" deputado só contribuiu para piorar ainda mais a situação de completo descrédito institucional pelo qual passa o país. Uma câmara de deputados completamente irresponsável, vil e aloprada é que temos por aqui. Pelo menos eu já havia sabiamente advertido que não haveria nada a se comemorar com tal ato.