by Flávio Souza Cruz

H I P E R F O C U S

F O T O J O R N A L I S M O

SOCIEDADE E POLÍTICA

quinta-feira 04 2004

Hoje pretendo dar mais uma reformulada por aqui, tirando os links que estão quebrados e colocando alguns novos. Enquanto isso, tem coisas novas no Epifania.

quarta-feira 03 2004

Tentei postar uma imagem através da minha conta no kit.net, mas parece que a Globo resolveu bloquear a minha antiga conta e só permitir usuários globo.com usarem. No momento, estou órfão de um servidor para imagens então. Se alguém puder me dar alguma dica de um lugar onde depositar minhas imagens, ficarei muito feliz. A notícia nerd da noite é que instalei finalmente o tão almejado Doom III. Trata-se de uma versão beta ainda, mas deu para sentir como é o jogo. Tsc...tsc...tsc... quer dizer... deu para sentir como é o jogo em slow motion. Mesmo com a nvidia fx5600 256mb que comprei, acelerada com overclock e tudo, fiquei mesmo foi vendo bullet effects a cada tiro que eu dava nos monstrões. Meu pobre PIII 800 mhz não aguentou o tranco. Chegou ao limite. Enfim, o maravilhoso mundo da informática é isso mesmo - obsolecência altamente programada. De qualquer forma, uma coisa deu para sentir e isso vai ser muito legal quando tiver uma nova máquina - o jogo assusta! E assusta muito!!! A boa dica é o site do Era, uma banda francesa de música neogótica, se é que há uma classificação para ela. O grupo está lançando um novo cd e já pelo site, dá para perceber um pouco dessa nova produção. É muito bonito por lá! Confiram!

terça-feira 02 2004

Desossar Limites

Há alguns dias me veio no chuveiro, meu templo sagrado onde as idéias fluem, uma frase que tem me acompanhado por estes dias afora - "desossar limites!" - pensei em escrever uma poesia ou uma prosa poética sobre esta frase. Pensei e neste pensar me vieram outras metáforas e frases que se perderam pelo caminho dos dias. Eu passei por momentos muito cansativos nos últimos meses e até hoje não consegui tirar umas férias mentais e físicas dessas coisas. De fato, pareço estar ossificado por limites. O Alexandre do Liberal Libertário Libertino desenvolveu o blog dele, dentre outras coisas, como uma espécie de purgação para algumas prisões da vida das quais ele resolveu se libertar. No fundo, sempre somos prisioneiros, não há muito como fugir. Como dizia o padre Vaz, a liberdade se dá sempre na condição de. E a condição é sempre a negação da liberdade plena.

Anyways... há uma pulsão forte para desossar os meus limites. Separar a carne dos ossos, tornar o limite um espírito pulsando na carne - nada melhor para quem dizia ser pássaros aqueles borrões de Rorschach.

Estou dizendo isso porque pretendo retomar algumas coisas por aqui. Em bom português, pretendo no mínimo ter um post por dia em um dos meu dois blogs - aqui ou no Epifania. Será bom para ter mais disciplina e bom para me libertar das palavras que me mordem por dentro. Tenho saudades disso aqui funcionando, cheio de vida, com pessoas lendo e comentando. Infelizmente, por minha incapacidade de lidar com trocentas coisas ao mesmo tempo, acabei deixando tudo aqui meio entregue às traças e isso foi muito ruim. Prometo retomar o tempo perdido e tornar novamente o Hiperfoc...ops...quer dizer...o Hocus Pocus... um lugar bem agradável, construído com pedras, madeira e boas idéias sem rumo! A todos os amigos, salut!

quinta-feira 29 2004

"Por influência do Copom (Comitê de Política Monetária do0 Banco Central) e do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), o mercado financeiro teve nesta quinta-feira o primeiro dia tenso do ano. O dólar fechou em alta de mais de 1%, a Bovespa despencou mais de 6% e o risco-Brasil disparou 15,15%, atingindo o pior nível do ano até aqui."

O restante está no UOL News!

Comentário a la Nelson Rodrigues - enquanto a equipe do Copom não for substituída até o seu último idiota, nada de sério vai acontecer neste país. Como disse há pouco o próprio Delfim Neto, a equipe atual do Banco Central é composta por um mistura de ciência com ideologia na qual os místicos economistas que lá estão parecem temer o crescimento. Pior do que isso, com a retórica tola de ficar refreando um espasmo inflacionário na base da chicotada, acabou gerando, como a notícia acima nos mostra, uma criste de instabilidade nas expectativas.

Há alguns anos, me lembro de uma entrevista da Maria da Conceição Tavares, creio que no programa Roda Viva da TV Educativa na qual a perguntaram se ela gostaria de assumir o ministério da fazenda no caso de uma possível chegada do PT ao poder. Com aquele jeito teatral que só ela tem, Maria da Conceição rodou a cadeira e com um sorriso de ponta de lábio proferiu o seguinte sortilégio - "Eu quero a Chave..." Eu que naquele momento estava meio disperso, fiquei a me perguntar que diabos de chave seria essa. E a resposta, meus amigos é a fechadura das portas de um palácio mágico chamado Banco Central. Em bom termo, como o último ano mostrou, pouca diferença faz a presença de um governo de esquerda ou direita com os atuais constrangimentos macroecônicos que o Brasil apresenta e com o viés da equipe econômica que governa as chaves da Caixa do Tio Patinhas.

domingo 25 2004



Eu estou procurando por quaisquer referências a filmes, livros e montagens televisivas de caráter distópico. A distopia ou contra utopia é uma produção literária ou visual na qual imagina-se um futuro ruim, negativo, pessimista no qual normalmente liberdades, sonhos e aspirações humanas são transformadas ou subvertidas em alguma forma de dominação, controle, violência etc. Diversos exemplos podem ser citados de produções do gênero. Brave New World, publicado por Aldous Huxley em 1932, 1984 (Nineteen Eighty-Four), publicado originalmente por George Orwell em 1948, Blade Runner, publicado por Philip K. Dick em 1968 e adaptado para o cinema em 1982 por Ridley Scott e, finalmente, a trilogia Matrix, Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, elaborada pelos irmãos Andy e Larry Wachowski, tendo o primeiro filme sido lançado em 1999 e os demais, como vocês sabem, respectivamente em maio e novembro do ano passado. Estas produções normalmente tratam da vida de personagens que normalmente se rebelam contra o modelo de sociedade em que vivem, frequentemente visto como opressor, de alguma forma. Nessa trilha, temos em Admirável Mundo Novo uma sociedade tipicamente behaviorista, comportamental, na qual a genética é um instrumento de controle societal. Em 1984, verificamos a idéia do controle total, do universo privado sendo completamente dessado pela presença midiática de um Big Brother que a tudo vigia e sabe, um lugar onde a própria linguagem, a novilíngua é a forma na qual a mente é controlada. Já em Blade Runner, é a vez das megacorporações, de uma industrialização pesada, do pesadelo anti-ecológico no qual o sentido existencial é permantemente questionado por uma humanidade que se defronta com seus duplos, suas versões geneticamente produzidas, num ambiente poluído e desolador. Por fim, a trilogia em Matrix nos mostra uma teia enorme de interralações entre o real e o imaginário no qual se defrontam a homens e máquinas, como produtores de sentido e poder. No Brasil, poderia citar o livro de Ignácio Loyola Brandão, "Não Verás País Nenhum" no qual as pessoas acabam vivendo debaixo de uma super-enorme marquise devido ao enorme buraco da camada de ozônio que se expandiu por sobre o mundo habitado.




"Pois é só reconciliando contradições que se pode reter indefinidamente o poder... Se é preciso im-pedir para sempre a igualmente humana ... então a condição mental deve ser a de insânia controlada." George Orwell, 1984

Eu estou procurando e fazendo um pedido aos meus fiéis leitores que me enviem informações sobre outros livros, filmes e produções televisivas centradas no tema da Distopia. Também peço a vocês que enviem endereços na internet com informações legais sobre este tema! Ficarei muito grato por toda a ajuda que me puderem dar!

quinta-feira 08 2004

Deu pra ti // Baixo astral // Vou pra Porto Alegre // Tchau
Quando eu ando assim meio down // Vou pra Porto e... ba..., tri-legal

quarta-feira 31 2003

Ontem, por razões inesperadas, me bateu uma sessão flashback. Estava eu procurando por um documentário da BBC chamado Space e eis que me deparo com uma pérola cinematográfica. Na verdade, na minha singela opinião, é um filme fantástico, uma obra que marcou a minha vida neste planeta. Killer Klowns from Outer Space - o filme mais trash que já vi em todos os meus anos de televisão e cinema (e olha que eu já vi muito lixo). A long time ago... estava eu no meu quarto naquelas noites onde a gente fica zapeando a TV em busca de alguma coisa. Não havia nem TV a Cabo e acho que eu fui parar em algum lugar que não sei bem se era o SBT ou a Bandeirantes. O filme mostrava um disco voador, uma cidadezinha no interior dos EUA e... pasmem! Uma tenda de circo! Isso mesmo! O fantástico filme trata da invasão interplanetária dos palhaços espaciais! Na época eu fiquei chocado e a cada cena que passava mais chocado eu fiquei tentando imaginar como tinha sido possível alguém fazer um filme destes. Unbelievable, meus amigos - só vendo mesmo! Aqui em terras tupiniquins, não sei se conseguirão achar no cinema, mas o filme pode ser baixado no Kazaa ou também em sites de bittorrent. Para quem quiser comprar na Amazon, o link está aqui. Procurando mais sobre o filme acabei descobrindo este lugar horroroso dedicado somente a filmes horrorosos - o Bad Movies.Org. Lá você poderá encontrar uma resenha do filme, bem como fotos e cenas em mpeg aqui. Anotem bem - quem não assistiu Killer Klowns from Outer Space não faz a menor idéia do que é Cinema!


Eis o filme:


terça-feira 30 2003



[Publicado originalmente no Hiperfocus em 1/10/2003 10:06:20 PM]

Salve meu amigo Silveira ,



Christmas Island! Christmas Island! Meu Deus, onde você foi parar!? Os anos passam, o rumo das coisas faz capricho de nossos planos, mas você continua incansável nessa sua busca. Em verdade, uma velha amiga me disse com ar professoral, uma certa vez em Araxá, que a vida é um vazio. Lidar com este vazio, preencher este vazio é a única opção que nos resta. Não que isso não tivesse passado pela minha cabeça antes, mas a partir daquele dia passei a levar mais a sério aquela frase. Tornou-se claro o que ela queria me dizer com aquilo - salvar-me da ilusão ou das ilusões. Fico me perguntando se ela tocou meu céu do impossível ao contar "o segredo". Poderia dizer que ela matou a virgindade dos meus sonhos, mas seria maldade para comigo e com ela. Me lembro de já ter te contado isso uma vez. Me lembro de já ter me contado isso mil vezes. A vida é um vazio, a vida é um vazio, a vida é um vazio... e me repetir nessa melancolia inútil. A vida é um vazio a ser preenchido. A plenitude deste pensamento é a de alcançar uma serenidade para o inevitável, para a limitação da criatura finita, frágil, sem propósito. Mas toda as religiões ou toda forma de religiosidade, incluindo as atéias, nos querem fazer crer que a vida tem um sentido, que temos uma missão no mundo. A regra internalizada é essa - a vida tem sentido - sua vida tem sentido - minha vida tem sentido. E de repente POW... passo a descobrir que eu é quem sou o inventor dos sentidos.


Me lembrei das tuas buscas, Silveira. Li e reli a sua carta por 3 vezes. Tentei imaginar de fato o que está acontecendo contigo aí nessa ilha. Fiquei preocupado com seu sumiço, você escreveu bem - eu teria feito de tudo para evitar essa sua partida. Fiquei triste, o Paulo, a Nísia e o Jesualdo também me disseram. Falei também com o Nelson depois que recebi a carta. Ele saiu para o Marinho para tomar uma cachaça em sua homenagem. Achei muito engraçado. Não pude contê-lo. Recebi também as caixas de vinho e confesso que eles são o seu retrato quando passo na adega que acabei montando na copa. Obrigado. Por aqui as coisas vão trilhando o seu caminho, sabe-se lá para preencher o tal vazio da vida, ou do tempo. Na terça passada, dia 7, eu tive um sonho dos mais estranhos. Sonhei pela primeira vez na vida que tinha morrido. Olha só que loucura! Eu anotei tudo no computador pela manhã:

"eles estavam na fila me empurrando, mas eu sabia que ali era a Síria. Haviam outros também, brasileiros, mas ninguém mais conhecido. O passaporte, a identidade, o visto em mãos. Era uma espécie de galpão atrás de um muro alto e lá fora havia a guerra. A gritaria era enorme. Parecia um mercado persa, mas era o mercado do desespero. Vejo uma senhora gorda gritando e todos gritam de volta naquele idioma que eu não fazia idéia do que era. Árabes, árabes e mais árabes. Tento passar e o oficial de bigodes me libera. Saio por um grande portão e entro em um galpão ainda maior, parecendo uma enorme antesala de aeroporto, sinto o ar seco apertando minha garganta. Um casaco na mão e os documentos ainda por guardar. Olho assustado, vou andando, tento chegar até uma escada. Gritaria, os bancos se reviram, transformam-se em trincheiras. Agora são asiáticos com rifles nas mãos. E gritam. Sinto um fisgada no ombro e olho a cor do sangue se abrindo num vão pelo casaco. A dor aguda e mais um tiro no braço. Caio para o lado, tudo fica quente, uma dor, uma vontade de vomitar, tonteio, não posso morrer. Corro para o outro lado, mas pela frente, por trás levantam-se armas num fogo cerrado. Eu vejo tudo, vejo a inevitabilidade do fazer. Balas voando cortando ar e o cheiro de pólvora aumentam o sufoco. Grito com o corpo aberto, transpassado, cortado, rubro, varado pela morte. Não me safo. Eu morro."

Não sei se antecipo a guerra no Iraque, a guerra na Coréia ou minhas próprias batalhas. Dizem que sonhar com a morte é sinal que a pessoa passa por um conflito forte e precisa fazer uma opção. Transição e ruptura, renovação e amadurecimento, todas essas palavras eu encontrei na busca por uma interpretação. Eu já tinha sonhado com morte e como pessoas falecidas, mas nunca tinha sentido de uma forma tão crua a minha própria morte. Mas falar de arquétipos e símbolos não é contrariar o que a velha me disse? Se a vida é um vazio é por que ela é um evento de causalidade físico-química. Não uma singularidade, mas a repetição de um ciclo ininterrupto de transformação da matéria. Optei por me iludir e me instruir que essa organicidade toda é uma tolice. Quero dizer, foda-se!

Enfim, me pergunto se continuaremos a ter aquelas nossas conversas pela madrugada, se agora você está há onze fusos horários daqui. A carta tá me lembrando os papos de bêbado no Marinho. Eu queria te perguntar sobre o crepúsculo, pois senti tuas letras tingidas por uma cor de sol se escondendo por trás das águas, num tom laranja-rubro. E eu que nunca gostei de escrever cartas vou ter que te aturar agora nessa escrivinhação. Ponto. Cansei. A vida é mais bela que vazios. A vida é bela mesmo que no abismo de um monstro vazio. Eu aprendi a criar sentidos e agora criei um sentido para a tua ausência.


Um abraço meu a Fahan! Ele já deve saber quem eu sou...

Ernesto Rocatti

Ps. As coisas nos fascinam por se permitirem inesperadas.


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