by Flávio Souza Cruz

quarta-feira 06 2003



E então André se lembrou de nossos jogos na areia e dos instrumentos de brincar; meu irmão, em carne viva sangrando era sempre um corte em nossas línguas, que de tudo eram doces como o pão e regadas por respeito, retorcia em dedo calmo a janela do castelo, que por hora reforçado lambia o mar, projetando um namoro de lua; mas o dedo, transformado em cinco, feito mão, agora furioso rompia a entranha de tudo o que era feito; ah meu irmão, que todo o dia em mim lhe tive, como futuro quase certo, deitava areia em areia aplainando torres, cavalos e rainhas; desfazendo das rosas penadas do trabalho afinco; e os olhos eram de sorriso, como lagos brilhantes a me convidar, que ao desespero sentir, fez corpo valsa e terno romper e sentar a areia; ao largo esperar sem ter e somente ouvir: "é tudo uma curva, irmão, buracos, castelo ou nada, uma curva sempre serão..."



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