by Flávio Souza Cruz

H I P E R F O C U S

F O T O J O R N A L I S M O

SOCIEDADE E POLÍTICA

terça-feira 27 2009



Hoje eu visitei a cidade de Sagunt. Trata-se de uma cidade de 60 mil habitantes na região valenciana. Sagunt foi uma importante cidade costeira na época do império romano. Mais do que isso, sua história é ainda mais antiga, tendo sido destruída pelos cartagineses. A cidade me lembrou muito um ar interiorano bem brasileiro. Muito vazia, quase ninguém pelas ruas. A infraestrutura é mediana, aparentemente inferior à de Xativa. Porém, a sua longa história nos legou belezas incríveis como poderemos ver mais adiante.



As ruas comuns da Sagunt.



Um visual nem tanto de primeiro mundo... porém...



Parte externa do anfiteatro romano de Sagunt.



Portal que dá entrada ao anfiteatro.



O anfiteatro com intervenção moderna. O projeto de intervenção é de péssimo gosto. Porém, os cidadãos de Sagunt agora revivem os tempos do teatro nos moldes grego e romano.



Essa é uma construção relativamente recente assentada sobre o antigo templo de Diana. As bases das colunas e as pedras ainda estão lá.



Daqui para frente é uma viagem só. Eu iniciei este meu trajeto de andarilho com intuito de também aportar em Jerusalém. Acabei deixando essa fase do projeto para o próximo ano. Porém, o castelo de Sagunt supriu parte desta viagem imaginária. Estas ruinas são realmente fantásticas (construídas por sobre outras ruínas ainda mais antigas tais como o forum romano e o templo de Diana) e a sensação é a de uma completa viagem ao passado. Uma caminhada por uma "Jerusalém" profana-quase-celeste!











E este azul chumbo ali embaixo à direita é sim o velho e bom Mediterrâneo.



segunda-feira 26 2009

Me utilizei do Google Maps para ter por alto uma idéia das distâncias que percorri. Eu havia imaginado que o total seria por volta de 8 mil km. Mas a realidade ultrapassou as minhas expectativas. Obviamente o percursso de carro é diferente do percursso de trem. Mas tenho comigo algumas listas de conexões e as distâncias mostradas lá são quase iguais às do percursso de carro. Dessa forma, considero essa aproximação muito válida.



O primeiro mapa mostra minha ida até a fronteira da República Tcheca com a Polônia - a cidade de Cesky Tesin. Foram 6282 km! Até Cracóvia, que foi o ponto mais distante que cheguei, foram 6.438 km!











O segundo mapa mostra a etapa final mais hardcore da viagem — no qual acompanhamos o meu retorno até a cidade de Madri. No entanto, a parte mais pesada ficou entre Cracóvia e Valência desenvolvidos em apenas quatro dias (3.776 km). Eu os percorri através de 15 trens diferentes. O trecho total até Madrid nos dá um percursso de 4.371 km. Ao todos temos a marca de 10.809 km.

Para se ter uma idéia, se eu fosse de Porto Alegre (RS - sul do Brasil) até Manaus (AM - norte do Brasil) de carro, eu percorreria 4636 km.



E depois desta longa viagem, um pequeno regalo.

sexta-feira 23 2009

Eu tenho viajado bastante por estes dias e confesso que me abstive de saber sobre a maioria das coisas que estão rolando pelo noticiário mundial. Não posso, no entanto, deixar de anotar a minha felicidade ao ver a posse do novo presidente dos Estados Unidos. Eu tenho um profundo respeito por esta nação. Eles não conseguiram se tornar a principal nação do mundo atoa. Por certo, tenho um certo desprezo pelo chamado american way of life. Acho tosco e provinciando. Da mesma forma, acho divertidíssimo a ignorância de boa parte dos norte-americanos sobre aquilo que se passa fora dos EUA. Não tenho simpatia alguma por nada que venha do partido Republicano. Considero-os petulantes e caipiras sem-noção. É bem certo que não podemos generalizar e vamos sempre encontrar gente boa também por estas paradas. Mas se tivesse nascido naquelas terras, eu tranquilamente seria um democrata.

Se eu desprezo o american way of life (de forma genérica), tenho profunda admiração pela forma como desbravam o mundo e o universo. Sempre vi o pragmatismo de sua filosofia como algo tosco e primitivo. Mas dia após dia, tenho também aprendido admirá-los nisso. O discurso de Obama em sua posse é a síntese deste pragmatismo. Não vamos nos perguntar se o tamanho do estado deve ser grande ou pequeno, mas nos perguntar sobre qual tamanho é de fato o melhor para que a população seja bem servida e protegida. Não vamos deixar de admirar as forças alocadoras do mercado. Mas olhá-lo com boa atenção e cuidado, pois completamente livre, tende a se tornar um sistema caótico. Pragmatismo está entranhado em todo este último discurso de Obama. E não deixo de admirá-lo em suas ambições. Ele está conquistando os corações e mentes do mundo. E a partir de tal conquista, suas responsabilidades só aumentam. Muito além do que simplesmente os EUA, Obama está agora carregando as esperanças de mais da metade deste planeta.

Retiradas as pieguices e choros de aclamação, estamos depositando neste governo verdadeiras esperanças de um mundo melhor e mais justo.

A bola está contigo, Mr. Obama II. O nosso olhar aponta para o futuro, mas também para cada ato de tuas palavras e mãos!




Das coisas mais interessantes desta viagem, confesso que o mais sensacional é o encontro com o inusitado, o inesperado. Alguns dos lugares que visitei estavam lá bem guardados na minha pequena agenda de metas. Mas outros, foram se fazendo ao longo do caminho. O museu aeroespacial Lotnictwa de Cracóvia, a degustação de vinho de talha em Lisboa, a visita a Veneza... nada disso fazia parte dos meus planos. Até mesmo Berlim não era um ponto assim tão rígido. Eu fiquei alguns dias em dúvida se iria mesmo para lá ou descia por cidades mais próximas tais como Frankfurt. Acabei indo para Berlim e depois para a Polônia e tudo isso acabou sendo o melhor caminho possível. Ontem eu me deparei novamente com uma destas coisas inusitadas ao andar pelas ruas. Eis que ao entrar por uma rua nem tão movimentada de Valência me deparo com uma vitrine com um astronauta pendurado lá atrás. Inicialmente pensei — deve ser lá uma decoração de moda e tal. Mas eis que olho para o andar de baixo da vitrine e vejo lá algumas roupas com o símbolo da NASA. Resolvo entrar e me deparo simplesmente com uma exposição aeroespacial contendo objetos da NASA e da ex-URSS - coisinhas simples tais como painéis da Apollo, roupa do Neil Armstrong, manuais da Apolo, roupas dos cosmonautas soviéticos e painéis da estação espacial MIR. Se eu já tinha voltado ao jardim de infância no Lotnictwa, aqui o recreio do dia seguinte! Confiram só!





Bota utilizada nas missões Apollo.



Painel de rádio das missões Apollo.



Macacão do cara - Neil Armstrong!



Equipamentos da Estação Orbital MIR.



Manual da Apollo 10!



Roupas utilizadas nos ônibus espaciais da NASA.
Visitei ontem a Ciudad de las Artes y las Ciencias de Valência - trata-se de um vasto conglomerado de prédios projetado pelo arquiteto Santiago Calatrava. O estilo é modernista, o que me agrada muito - dado que tenho uma preguiça total para as variações de materias, cores e estilos das baboseiras da arquitetura pós-moderna. A sensação de estar neste lugar é a de estar no "século XXI" (só que não no nosso século XXI - mas neste século tal como mostrado nos antigos filmes de ficção científica). Sim - a Ciudad de las Artes y las Ciencias nos transporta para um filme de sci-fi. Dúvida? Confira só as fotos que tirei:















quinta-feira 22 2009



Em um escrito anterior, falei sobre a busca pessoal por sentidos. E em cada etapa desta minha viagem, tenho me deparado com a interrogação sobre o sentido: "Por que estou aqui? O que façco nesta cidade? Por que estou aqui suando e carregando este peso neste lugar estranho? Qual é a razão de tudo isso?" A resposta é que não existe razão, mas sim o sentido. Eu tenho um bolso mágico do qual tiro cartas adestradas. Eu as ensinei a falar por mim. Eu durmo com as cartas em meu bolso e elas me ensinam o caminho do amanhã. As imagens das minhas palavras e as palavras das minhas imagens são a coreografia do meu sentido.

Meu corpo bailou em cada dor, cada tropeço, arranhão, marca e ardor dos meus passos. Minha alegria se transformou no avançar incerto. As interrogações caminharam como soldados contorcionistas em cada exclamar. Estou agora em Valência, breve porto do aconchego. Trago comigo um sentido emoldurado em símbolo - a espada que tenho comigo, a qual a nomeei - Desafio.

quarta-feira 21 2009



Hoje (dia 19)terminou o meu pacote do Eurail Pass e devo fazer aqui uma singela homenagem a estes bichinhos maravilhosos chamados “trens” e aos caminhos de ferro, como dizem os nosso patrícios portugueses. Viajei através de vários e vários trens, dos mais variados tipos e estilos. Cheguei à conclusão que, de certa forma, a economia européia pode ser medida através da qualidade dos trens dos seus países membros. Portugal, por exemplo, possui alguns trens modernos, principalmente os que ligam cidades locais. Porém, no geral, sua composição ferroviária é ainda atrasada. França, Espanha e Alemanha possuem os melhores trens, sem dúvida. Dá realmente gosto de andar em um trem francês. Hoje mesmo eu saí da Itália em um trem vagabundo e na mesma hora já fui recepcionado por um trem francês ultra-moderno e aconchegante. É uma diferença brutal. O último que tomei foi o que liga a cidade de Narbonne a Cerbere, na fronteira entre França e Espanha. Deu saudade de tudo isso quando desci do trem. Foi realmente uma aventura fantástica andar nestes bichinhos. Certamente nem tudo andou às mil maravilhas do primeiro mundo. Peguei alguns trens completamente tranqueiras — coisa dos anos 60. Eles me lembravam a infância em BH, quando meu pai me levava à estação ferroviária (e eu já achava aquelas coisas meio antigas). Foi numa destas velhas carroças, no entanto, que eu tive a minha viagem mais divertida. Foi no trem que liga Lisboa até a cidade de Medina na Espanha. Não sei o que deu, mas ocorreu uma fantástica combinação de viajantes na cabine onde estava. Três portugueses, dois brasileiros e uma espanhola. Foi diversão, causos e risos do início ao fim. Nunca me esquecerei desta ótima viagem. Mesmo com trens velhos, dá para ser feliz! Enfim, vamos a eles:



Estação Ferroviária – cidade do Porto.



As moderníssimas acomodações do famoso trem Lisboa-Medina!



Gare de Lyon em Paris.



Só passei por aqui. Mas dá para sentir que é show – Áustria.



Mais do mesmo.



E de vez em quando, pode ser que nos apareça um boliviano tocador de flauta!



Foi uma festa! Pena que acabou!
Mas ano que vem tem mais!


Eu andei viajando pela costa do Mediterrâneo na Itália e no sul do França. Confesso que me deu uma enorme vontade de parar em uma praia por ali. O tempo é que não ajuda. As águas agora devem estar geladas. Mas certamente ainda volto ali em um período mais quente. Parei um tempo na bela de Nice, a qual me deu ainda mais vontade de por ali ficar. Aproveitei o tempo para registrar um pouco da vida cotidiana da cidade. Vamos ver o que temos:











Em bom termo – franceses – com cara de... franceses!

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