by Flávio Souza Cruz

H I P E R F O C U S

F O T O J O R N A L I S M O

SOCIEDADE E POLÍTICA

quinta-feira 29 2009



Hoje é o dia do meu aniversário. Estou longe de casa e da maioria das minhas pessoas queridas. Por mais distante que estejam, no entanto, eu as sinto bem próximas dentro do meu peito. Por circunstâncias de calendário, acabei por vir a celebrar essa minha data em terras longíncuas. Como meu presente particular, eu me dei e vos dou um pouco deste lugar especial que descobri nas ruas valencianas. Trata-se da Libreria Antiquaria Rafael Solaz, um lugar que é definitivamente a minha cara. Livros, poeira e magia em um singular e muito bem articulado arranjo de objetos e imagens. Esta libreria é uma passagem gratuita à imaginação e às viagens por mundos fantásticos. A viagem é um livro e as nossas vidas são as linhas das páginas percorridas. Aquele que não viaja, abre apenas a primeira página. A viagem é o livro e o livro é a viagem. Eu sempre viajei nos livros. E agora livro e viagem são uma coisa só. Apropriei-me desta libreria e a tornei minha. Cada pedaço da viagem é agora um pedaço destas páginas. E cada página é um pedaço da vida.

Bienvenidos!

























Se brincamos de preto e branco no último post, vamos agora ver um pouco das cores que esta cidade de Valência nos oferece. Muitas e muitas cores e tons pasteis mesclados a um lindo azul das suas belas tardes. Uma cidade multifacetada, sempre entremeada pelo passado e o novo. Fria e quente ao mesmo tempo. Distante e acolhedora.


















Eu tenho vivido em Valência nos últimos dias e esta tem sido a cidade que me acolheu neste vasto colchão de retalhos pelo qual eu percorri no continente europeu. Eu estive em Valência na passagem do ano, mas os meus registros desta passagem foram insuficientes para descrever essa diferente cidade no qual a tradição e a modernidade caminham juntas de uma forma muito intensa. No meu primeiro post, mostrei um pouco deste lado tradicional da cidade, cuja história é anterior à Cristo, possuindo ainda alguns vestígios romanos. Posteriormente eu mostrei a Ciudad de las Artes y las Ciencias, que é um marco recente da arquitetura local em busca de novos atrativos para destacar a cidade com a terceira mais importante da Espanha. Em seguida, mostrei um pouco das coisas inusitadas que encontrei por aqui, ao abordar a exposição aeroespacial Viure a L´espai, contendo objetos aeroespaciais da Nasa e da ex-URSS. No entanto, cheguei à conclusão que tais imagens são ainda insuficientes para mostrar realmente a cidade.

Como é possível perceber, temos sempre fragmentos e pequenos tijolos para construir as nossas cidades. Em cada uma das que estive, procurei captar um pouco da alma (do todo) de cada uma. Mas tal missão é sempre fadada ao fracasso, por mais que nos esforcemos. Creio ter tido um pouco de sucesso em algumas empreitadas. Em outras, nem tanto. Eu precisaria de muito mais tempo para as captar. Em Valência eu tive este tempo a mais. E é por isso que resolvi contar um pouco mais sobre o meu olhar por aqui. Inicialmente pensei em fazer dois posts intitulados "Valência People" e "Valência Places". O que acabou saindo é mais ou menos isso. Porém, resolvi alterar para "Valência P&B" e "Valência Color".

Vamos ver o que temos:















terça-feira 27 2009



No penúltimo post eu coloquei o meu roteiro através dos mapas do Google. Neste post eu vou explicitar os roteiros que fiz através das minhas viagens. A maioria delas foi realizada através dos trens da Europa. Foram 46 trens diferentes, procedentes dos mais variados países. Como também mencionei anteriormente, dá para se observar a economia e o nível de modernização dos países europeus através dos seus trens. No geral, eu fico com os franceses. Mas enfim, vamos à lista das minhas viagens pelos trilhos da Europa.


1. Porto – Guimarães // Guimarães – Porto
2. Porto – Coimbra
3. Coimbra – Lisboa
4. Lisboa – Sintra // Sintra – Lisboa
5. Lisboa – Medina // Medina – Madri // Madri – Valência
6. Valência – Xativa // Xativa - Valência
7. Valência – Tortosa // Tortosa – Barcelona
8. Barcelona – Cerbere // Cerbere – Paris
9. Paris – Rennes
10. RennesPontorsonSaint Michel – Pontorson – Rennes
11. Rennes – Lille
12. Lille – Bruxelas
13. Bruxelas – Ghent // Ghent – Bruges // Bruges – Bruxelas
14. Bruxelas – Amsterdã // Amsterdã – Bruxelas
15. Bruxelas – Kohn // Kohn – Hamm // Hamm – Berlim
16. Berlim – Pardubice // Pardubice – Ostrova // Ostrova – Cescky Tesin // Cesky Tesin – Cracóvia (carro)
17. Cracóvia - Cesky Tesin (ônibus) // Cesky Tesin – Ostrova // Ostrova - Viena
18. Viena – Innsbruck // Innsbruck - Veneza
19. Veneza - Roma
20. Roma – Genova // Genova – Ventimiglia // Ventimiglia – Nice
21. Nice – Marseille //Marseille – Narbonne // Narbonne – Cerbere
22. Cerbere – PortBou // PortBou – Barcelona // Barcelona – Valência (ônibus)
23. Valência – Sagunt // Sagunt - Valência
24. Valência - Madri (ônibus)
25. Madri - Toledo (carro) // Toledo - Madri (Carro)


Hoje eu visitei a cidade de Sagunt. Trata-se de uma cidade de 60 mil habitantes na região valenciana. Sagunt foi uma importante cidade costeira na época do império romano. Mais do que isso, sua história é ainda mais antiga, tendo sido destruída pelos cartagineses. A cidade me lembrou muito um ar interiorano bem brasileiro. Muito vazia, quase ninguém pelas ruas. A infraestrutura é mediana, aparentemente inferior à de Xativa. Porém, a sua longa história nos legou belezas incríveis como poderemos ver mais adiante.



As ruas comuns da Sagunt.



Um visual nem tanto de primeiro mundo... porém...



Parte externa do anfiteatro romano de Sagunt.



Portal que dá entrada ao anfiteatro.



O anfiteatro com intervenção moderna. O projeto de intervenção é de péssimo gosto. Porém, os cidadãos de Sagunt agora revivem os tempos do teatro nos moldes grego e romano.



Essa é uma construção relativamente recente assentada sobre o antigo templo de Diana. As bases das colunas e as pedras ainda estão lá.



Daqui para frente é uma viagem só. Eu iniciei este meu trajeto de andarilho com intuito de também aportar em Jerusalém. Acabei deixando essa fase do projeto para o próximo ano. Porém, o castelo de Sagunt supriu parte desta viagem imaginária. Estas ruinas são realmente fantásticas (construídas por sobre outras ruínas ainda mais antigas tais como o forum romano e o templo de Diana) e a sensação é a de uma completa viagem ao passado. Uma caminhada por uma "Jerusalém" profana-quase-celeste!











E este azul chumbo ali embaixo à direita é sim o velho e bom Mediterrâneo.



segunda-feira 26 2009

Me utilizei do Google Maps para ter por alto uma idéia das distâncias que percorri. Eu havia imaginado que o total seria por volta de 8 mil km. Mas a realidade ultrapassou as minhas expectativas. Obviamente o percursso de carro é diferente do percursso de trem. Mas tenho comigo algumas listas de conexões e as distâncias mostradas lá são quase iguais às do percursso de carro. Dessa forma, considero essa aproximação muito válida.



O primeiro mapa mostra minha ida até a fronteira da República Tcheca com a Polônia - a cidade de Cesky Tesin. Foram 6282 km! Até Cracóvia, que foi o ponto mais distante que cheguei, foram 6.438 km!











O segundo mapa mostra a etapa final mais hardcore da viagem — no qual acompanhamos o meu retorno até a cidade de Madri. No entanto, a parte mais pesada ficou entre Cracóvia e Valência desenvolvidos em apenas quatro dias (3.776 km). Eu os percorri através de 15 trens diferentes. O trecho total até Madrid nos dá um percursso de 4.371 km. Ao todos temos a marca de 10.809 km.

Para se ter uma idéia, se eu fosse de Porto Alegre (RS - sul do Brasil) até Manaus (AM - norte do Brasil) de carro, eu percorreria 4636 km.



E depois desta longa viagem, um pequeno regalo.

sexta-feira 23 2009

Eu tenho viajado bastante por estes dias e confesso que me abstive de saber sobre a maioria das coisas que estão rolando pelo noticiário mundial. Não posso, no entanto, deixar de anotar a minha felicidade ao ver a posse do novo presidente dos Estados Unidos. Eu tenho um profundo respeito por esta nação. Eles não conseguiram se tornar a principal nação do mundo atoa. Por certo, tenho um certo desprezo pelo chamado american way of life. Acho tosco e provinciando. Da mesma forma, acho divertidíssimo a ignorância de boa parte dos norte-americanos sobre aquilo que se passa fora dos EUA. Não tenho simpatia alguma por nada que venha do partido Republicano. Considero-os petulantes e caipiras sem-noção. É bem certo que não podemos generalizar e vamos sempre encontrar gente boa também por estas paradas. Mas se tivesse nascido naquelas terras, eu tranquilamente seria um democrata.

Se eu desprezo o american way of life (de forma genérica), tenho profunda admiração pela forma como desbravam o mundo e o universo. Sempre vi o pragmatismo de sua filosofia como algo tosco e primitivo. Mas dia após dia, tenho também aprendido admirá-los nisso. O discurso de Obama em sua posse é a síntese deste pragmatismo. Não vamos nos perguntar se o tamanho do estado deve ser grande ou pequeno, mas nos perguntar sobre qual tamanho é de fato o melhor para que a população seja bem servida e protegida. Não vamos deixar de admirar as forças alocadoras do mercado. Mas olhá-lo com boa atenção e cuidado, pois completamente livre, tende a se tornar um sistema caótico. Pragmatismo está entranhado em todo este último discurso de Obama. E não deixo de admirá-lo em suas ambições. Ele está conquistando os corações e mentes do mundo. E a partir de tal conquista, suas responsabilidades só aumentam. Muito além do que simplesmente os EUA, Obama está agora carregando as esperanças de mais da metade deste planeta.

Retiradas as pieguices e choros de aclamação, estamos depositando neste governo verdadeiras esperanças de um mundo melhor e mais justo.

A bola está contigo, Mr. Obama II. O nosso olhar aponta para o futuro, mas também para cada ato de tuas palavras e mãos!




Das coisas mais interessantes desta viagem, confesso que o mais sensacional é o encontro com o inusitado, o inesperado. Alguns dos lugares que visitei estavam lá bem guardados na minha pequena agenda de metas. Mas outros, foram se fazendo ao longo do caminho. O museu aeroespacial Lotnictwa de Cracóvia, a degustação de vinho de talha em Lisboa, a visita a Veneza... nada disso fazia parte dos meus planos. Até mesmo Berlim não era um ponto assim tão rígido. Eu fiquei alguns dias em dúvida se iria mesmo para lá ou descia por cidades mais próximas tais como Frankfurt. Acabei indo para Berlim e depois para a Polônia e tudo isso acabou sendo o melhor caminho possível. Ontem eu me deparei novamente com uma destas coisas inusitadas ao andar pelas ruas. Eis que ao entrar por uma rua nem tão movimentada de Valência me deparo com uma vitrine com um astronauta pendurado lá atrás. Inicialmente pensei — deve ser lá uma decoração de moda e tal. Mas eis que olho para o andar de baixo da vitrine e vejo lá algumas roupas com o símbolo da NASA. Resolvo entrar e me deparo simplesmente com uma exposição aeroespacial contendo objetos da NASA e da ex-URSS - coisinhas simples tais como painéis da Apollo, roupa do Neil Armstrong, manuais da Apolo, roupas dos cosmonautas soviéticos e painéis da estação espacial MIR. Se eu já tinha voltado ao jardim de infância no Lotnictwa, aqui o recreio do dia seguinte! Confiram só!





Bota utilizada nas missões Apollo.



Painel de rádio das missões Apollo.



Macacão do cara - Neil Armstrong!



Equipamentos da Estação Orbital MIR.



Manual da Apollo 10!



Roupas utilizadas nos ônibus espaciais da NASA.

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